Os alunos lotaram o anfiteatro da universidade para assistir aquele famoso palestrante. A expectativa era tão grande que a universidade reservou as três primeiras fileiras para os docentes, dentre os quais estava uma antiga e respeitada professora que, por essas coincidências da vida, sentou-se ao lado do lugar reservado ao palestrante, na primeira fileira.
Assim que ele chegou, a professora cumprimentou-o com entusiasmo e cordialidade, mas ele manteve-se frio e formal. Ela então esperou alguns segundos, voltou-se novamente para ele e elogiou o seu trabalho, os seus livros e os seus artigos. E ele, sem dar-lhe a devida atenção, demonstrando certa impaciência, apenas respondeu:
– Minha senhora, é por isso que esse anfiteatro está lotado – E direcionou sua atenção ao mestre de cerimónias que estava anunciando-o e lendo o seu extenso e notável curriculum.
Sob aplausos, altivo e com olhar determinado, o palestrante subiu ao palco, cumprimentou a plateia com um formal “Boa Noite”, e iniciou sua palestra que durou aproximadamente uma hora. Após uns vinte minutos, algumas pessoas começaram a deixar o anfiteatro e, ao final, mais da metade delas já havia saído. Quando terminou, poucos entenderam que a palestra havia encerrado, e timidamente alguns aplaudiram enquanto um certo ar de decepção envolvia a plateia e o próprio palestrante, que cerrou os lábios, agradeceu a presença de todos, abaixou a cabeça, desceu as escadas e sentou-se novamente ao lado da professora.
E ainda com a cabeça baixa, ele virou-se para ela e disse:
– Eu não sei quem você é, mas me desculpe por tê-la tratado com tanta arrogância.
A sábia professora então sorriu gentilmente, e respondeu:
– Não tem problema. Apenas espero que você tenha compreendido que se tivesse subido ao palco com a humildade com a qual desceu, certamente teria descido com o orgulho que subiu.
Quando satisfazer o próprio ego torna-se a principal motivação de um profissional, independentemente da área de atuação, inicia-se um processo de involução pessoal e profissional que, ancorado na arrogância, traz enfraquecimento, decadência e empobrecimento para a própria pessoa e para todos os que estão à sua volta.
Quando a arrogância entra em campo, perde-se a habilidade de reconhecer os próprios erros e de aprender com eles; a opinião de outras pessoas deixa de fazer qualquer sentido ou diferença; deixa-se de aprender porque nos tornamos autossuficientes, enfim, quando a arrogância prevalece, o ego sobrepõe a inteligência.
Se quisermos verdadeiramente tornar-nos melhores profissionais, líderes, pais, mães, amigos, enfim, melhores seres humanos, precisamos ser um pouco mais “egoless”; precisamos aprender com Aquele que disse: “…o maior de vocês deve ser aquele que serve”, entender que somos uma pequena e impermanente parte do universo, e permitir que a humildade e o serviço façam parte de nossa vida.
Por isso, busque permanecer ensinável; foque naquilo que você pode aprender, em vez de tentar mostrar o que você já sabe. Lembre-se que muito do que você sabe foi-lhe ensinado por outros. Ouça mais; busque escutar e compreender verdadeiramente o que os outros estão dizendo (além das palavras). Faça mais perguntas. Aprecie as pessoas; valorize a contribuições delas. Não silencie outras ideias ou apenas defenda o seu território. Incentive a opinião dos outros. Prefira ser feliz à ter razão; deixe ir a necessidade de estar sempre certo ou de ganhar apenas. Demonstre humildade e grandeza.
Um Grande Abraço,
Marco Fabossi
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Boa noite, esse texto reflete bem o caráter de certas pessoas. Muitos se deixam vislumbrar pelo ascensão profissional e acabam esquecendo que um dia tiveram que aprender para estar onde estão.
Bom dia, Marcos.
Apesar de fazer um tempo que não escrevo aqui, sempre leio seus belos e motivadores textos.
A arrogância é uma luz fortíssima que não ilumina nada; pelo contrário, cega, pois por vezes valoriza-se o ter em vez do ser.
Sucesso sempre!
Lindo!Lindo esse texto!Como aprendemos todos os dias a sermos melhores com textos assim.
Muito obrigada pelos seus textos Marco Fabossi