É provável que você nunca tenha ouvido falar de William McKnight, já que seu nome quase não aparece em artigos e estudos sobre liderança e inovação. Apesar disso, a empresa que McKnight dirigiu durante cinquenta e dois anos, como gerente geral, depois diretor-executivo e finalmente como presidente, tornou-se uma das organizações mais inovadoras e admiradas em todo o mundo; o nome da empresa é “Minnesota, Mining, and Manufacturing Company”, ou se preferir, 3M.
A 3M ficou conhecida e famosa, mas McKnight não. E parece que ele desejou que fosse exatamente assim. McKnight começou a trabalhar em 1907 como Contador Assistente, foi promovido a Contador de Custos, Gerente de Vendas, e então Gerente Geral. Em seguida Diretor-Executivo e finalmente Presidente. Das quase cinquenta referências sobre McKnight na história publicada pela empresa, apenas uma se refere à sua personalidade, descrevendo-o como um homem gentil e de fala mansa. Seu biógrafo o descreveu como um bom ouvinte, humilde, modesto, um pouco condescendente, discreto e de fala mansa, quieto, solícito e sério.
E McKnight não é o único líder importante na história das empresas inovadoras e visionárias que rompe com o modelo arquetípico do líder carismático. Masaru Ibuka da Sony tinha a reputação de ser reservado, solícito e introspectivo. Procter e Gamble eram pessoas formais, cerimoniosas, corretas, reservadas, e até mesmo inexpressivas. Bill Allen, o diretor-executivo mais importante na história da Boeing, era um advogado pragmático, de aparência afável, e com um sorriso um tanto tímido e raro. Darwin E. Smith, que transformou a Kimberly-Clark, e que durante sua gestão gerou aos investidores um retorno que superou o mercado em mais de quatro vezes, era tímido, reservado e procurava evitar os holofotes, preferindo que a atenção fosse dirigida à sua equipe e empresa. Se pensarmos em grandes líderes como Abraham Lincoln, Madre Teresa de Calcutá e Gandhi, tampouco encontraremos atrativos pessoais tão destacados assim.
É comum ouvirmos que o carisma é uma característica imprescindível para um bom líder. Mas o que é carisma? Extroversão, simpatia, boa comunicação? Será que é isso mesmo?
Creio que existe uma interpretação equivocada sobre o significado da palavra “carisma”, que originalmente vem do grego, e significa “dom de inspiração divina”. Ter carisma ou agir com carisma, portanto, significa inspirar as pessoas; algo que pode acontecer de várias maneiras: pelo conhecimento, perseverança, empatia, criatividade, cuidado com as pessoas, visão de futuro, capacidade de execução, enfim, cada pessoa tem o seu próprio jeito de inspirar aqueles que estão à sua volta. Cada pessoa tem o seu próprio carisma.
Obviamente que simpatia e boa comunicação podem ser muito uteis na liderança, mas sinceramente, são acessórios. São características que fazem parte da personalidade de uma pessoa; e quando falamos sobre liderança, o caráter é muito, mas muito mais importante do que a personalidade. Basta observar o nosso país e perceber que simpatia e boa comunicação, características de personalidade que ajudaram a conduzir nossos atuais governantes ao poder, perdem totalmente o seu valor pela ausência de caráter.
Os sociólogos afirmam que mesmo as pessoas mais introvertidas influenciarão, em média, 10 mil pessoas durante sua vida, portanto, se você acha que não tem o “estereótipo ideal” para um líder, porque é introvertido, pouco comunicativo e reservado, quero convidar-lhe a refletir um pouco mais sobre isso. O melhor perfil de liderança é o seu! Sinceramente, o mundo não precisa de líderes simpáticos, mas de líderes que atuem com caráter e integridade, que estejam genuinamente interessados em conquistar os melhores resultados com as pessoas, utilizando o seu “carisma”, o seu próprio jeito de inspirar, para construir um futuro melhor para todos os que estão à sua volta.
Vamos nessa?
Um Grande Abraço,
Marco Fabossi
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Carisma? sim ou não? Ser carismático não é uma característica fundamental, mas em determinadas equipes é primordial, principalmente quando se tem que estar próximo, fazer parte do resulto e não só cobrar o resultado.