Em seus primeiros dias como professora da quinta série, Teresa percebeu na primeira fila um garoto chamado Ricardo que pouco se relacionava com os colegas e andava sempre mal arrumado. No início ela não se incomodou muito, e nem se importava com as notas baixas que ele recebia nas provas e trabalhos.
Ao iniciar o ano letivo, cada professor recebia a ficha escolar dos alunos, e Teresa ficou surpresa ao ler a ficha de Ricardo. A professora do primeiro ano escolar havia anotado o seguinte: “Ricardo é um menino brilhante e simpático. Seus trabalhos sempre estão em ordem. Tem bons modos e é muito agradável estar perto dele”.
A professora do segundo ano escreveu: “Ricardo é um aluno excelente e muito querido por seus colegas, mas demonstra preocupação com sua mãe que está muito doente e desenganada pelos médicos”.
Da professora do terceiro ano constava a seguinte anotação: “A morte de sua mãe foi um golpe muito duro para Ricardo”. A professora do quarto ano escreveu: “Ricardo anda muito distraído e não demonstra qualquer interesse pelos estudos. Tem poucos amigos e às vezes dorme na sala de aula”.
Naquele dia, Tereza decidiu aproximar-se de Ricardo que, com o passar do tempo só melhorava. Quanto mais ela lhe dava importância, atenção e demonstrava interesse genuíno, mais ele se animava.
Ricardo terminou o ano letivo como um dos melhores alunos. Um ano depois, Tereza recebeu uma carta em que Ricardo lhe dizia que ela havia sido a melhor professora que teve na vida. Seis anos depois, outra carta de Ricardo lhe dizia que havia concluído o segundo grau e que ela continuava sendo a melhor professora que tivera. As notícias se repetiram até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo Dr. Ricardo Stoddard, seu antigo aluno.
Algum tempo depois, Tereza recebeu o convite de casamento de Ricardo, e no dia do casamento, quando se encontraram abraçaram-se por longo tempo e Ricardo lhe disse ao ouvido:
– Obrigado por acreditar em mim, por me fazer sentir importante, e por demonstrar que posso fazer a diferença.
E Teresa sussurrou baixinho:
– Não! Foi você que me ensinou que eu podia fazer a diferença, afinal, até aquele momento, eu sabia ensinar, mas não sabia educar, e você me ensinou como fazê-lo.
Uma das principais responsabilidades de um líder é formar novos líderes, desenvolver pessoas, ajuda-las a tornarem-se melhores seres humanos e profissionais, enfim, prepara-las para que entreguem resultados melhores para a organização, para a sociedade e para o mundo.
E quando falamos em desenvolvimento, naturalmente nos referimos a algo que acontece ao longo de um período, como resultado de vários fatos e fatores. Por isso, é praticamente impossível desenvolver pessoas olhando apenas fatos e “fotos” isoladas. Se verdadeiramente quisermos desenvolvê-las, precisamos assistir ao “filme”, criar proximidade, demonstrar interesse genuíno por elas e por suas histórias, dedicar tempo para conhecê-las, compreender que tanto acertos e erros fazem parte deste “filme” e, juntamente com o ator principal, construir o melhor roteiro para que a história tenha um final feliz.
Quando olhamos apenas a “foto”, transformamos a pessoa naquilo que o momento registrou, seja bom ou ruim; e ao avaliarmos uma pessoa por este registro, pelo erro ou acerto que cometeu, estamos naturalmente transformando-a naquilo que a “foto” mostra que, em geral, não revela toda a verdade sobre ela, já que as pessoas são muito mais do que os erros e acertos que cometem, por isso, assistir ao “filme” é muito mais justo, congruente e efetivo.
Considerando que o nosso dia é bem agitado e que o cérebro nos induz a fazer aquilo que é mais fácil e mais rápido, a tendência é de preferirmos olhar apenas a “foto”. Mas como você e eu sabemos que para contribuir genuinamente com o desenvolvimento das pessoas precisamos dedicar mais tempo e energia para assistir e produzir melhores “filmes”, mãos à obra e bons “filmes”!
Um Grande Abraço,
Marco Fabossi
Leia também:
Coloque Gente na Agenda (Liderança)
Coração de Líder A Essência do Líder-Coach 3a Edição - Revisada e Ampliada Agora também em Áudiolivro Clique e Adquira o seu Livro ou AudioLivro
Inscreva-se no Blog da Liderança e receba semanalmente os textos de Marco Fabossi |
Muito boa essa lição. Acredito verdadeiramente nisso.
Excelente leitura, principalmente para uma segunda feira.
Obrigado.
É muito interessante perceber que o ajudado e o ajudador são abençoados no final das contas. Quando agarramos a oportunidade de investir em alguém nem fazemos ideia, muitas vezes, de que seremos nós mesmos também agraciados com tantas coisas boas de imediato e no futuro também.
Excelente analogia, educar versus ensinar… obrigado por compartilhar!!
Poucos se propõe a analisar a história das pessoas. Educar e ensinar demandam boa vontade, tempo e amor sincero pelas pessoas.