Fala que eu te escuto! (Liderança)

A professora pediu aos alunos que fizessem uma redação com o título “O que eu gostaria de ser”. As crianças poderiam escolher ser qualquer coisa; um personagem, um objeto, uma pessoa ou um animal.

Já em casa, enquanto corrigia as redações dos alunos, deparou-se com uma que a surpreendeu e emocionou. Nesse momento, o marido entrou na sala e, vendo-a chorar, perguntou o que havia acontecido. Ela apenas lhe entregou a redação e pediu que lesse.

Eu queria ser uma televisão. Quero ocupar o espaço dela, viver como ela vive. Ter um lugar especial pra mim e conseguir reunir a minha família ao meu redor. Ser levado a sério quando falo e ser escutado sem interrupções e perguntas. E se eu estiver calado, quero receber a mesma atenção que a televisão recebe quando não funciona. Quero ter a companhia do meu pai quando ele chega em casa, mesmo cansado, e que a minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, em vez de me ignorar. Que os meus irmãos queiram estar comigo. Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado de vez em quando, pra passar alguns momentos comigo“.

Ao terminar de ler, o marido emocionado diz a esposa:

– Meu Deus, coitado desse menino! Que tipo de pais fazem isso com uma criança?

E a professora olhou bem nos olhos do marido e responde:

– Essa redação é do nosso filho!


As diversas telinhas com as quais convivemos no dia a dia nos ajudam muito, mas se não tomarmos cuidado, podem se converter em nossos principais inimigos. Basta ir a um restaurante pra se dar conta disso; amigos e famílias, sentados ao redor de uma mesa, cada um conversando com sua própria telinha. Em casa, filhos disputam a atenção de seus pais com celulares, tablets, notebooks e TVs. E assim vamos perdendo o melhor do momento presente e da presença daqueles que estão a nossa volta.

No mundo corporativo não é diferente. Tem muita gente que gostaria de receber a mesma atenção que as telinhas recebem. Um monte de reuniões improdutivas como resultado de pessoas que dividem seu foco e atenção com outros assuntos que chegam por e-mail, WhatsApp, chamadas telefônicas, etc. Conversas pessoais substituídas por mensagens eletrônicas, momentos de reconhecimento e agradecimento substituídos por mensagens de e-mail frias e padronizadas, discussões intermináveis que poderiam ser resolvidas pessoalmente em poucos minutos, mas que se estendem por dias porque ninguém se dispõe a sentar e conversar. Pessoas que se acomodam e acreditam ter feito a sua parte e, quando perguntadas sobre o andamento das coisas, apenas dizem: “Eu já enviei o e-mail”. Enfim, telinhas que prevalecem e tentam substituir uma boa conversa.

Mas de todas as situações provocadas pelo uso excessivo das telinhas, o que mais prejudica a liderança e o estabelecimento de relações de confiança no dia a dia é aquela em que alguém chega pra conversar com o líder quando ele está fazendo algo no computador ou no celular, e então ele diz: “Pode falar que eu estou ouvindo“, mas continua teclando e olhando para a telinha enquanto a outra pessoa fala sozinha. Se você já foi vítima desse tipo de situação, sabe do que eu estou falando e como se sente alguém que é tratado dessa forma.

Essa é a situação mais grave porque transmite a mensagem de que coisas são mais importantes que pessoas, que por sua vez, destoa completamente da mensagem central da liderança, onde pessoas são mais importantes que coisas. Você pode até dizer com suas palavras que as pessoas são importantes pra você, pra empresa, e que suas ideias e opiniões têm muito valor, mas quando tem esse tipo de atitude, demonstra exatamente o contrário, e lembre-se, as pessoas não olham para o que você diz, mas para o que você faz. Se suas atitudes não acompanharem suas palavras, sua credibilidade estará comprometida, e sua liderança também.

Se estiver ocupado no momento em que alguém o abordar e não puder dar-lhe a devida atenção, basta dizer isso a ela e procurá-lo tão logo esteja disponível. Contudo, se decidir atende-lo, deixe as telinhas de lado, e faça-o da maneira certa, tratando-o com o respeito e atenção que todo ser humano merece.

Um Grande Abraço,

Marco Fabossi

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Marco Fabossi é Sócio-Diretor da Crescimentum, a mais completa empresa de formação de líderes do Brasil.
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2 comentários sobre “Fala que eu te escuto! (Liderança)

  1. Boa tarde! Poderia mudar TV pelo celular, gostaria de compartilhar, caso você permita alterar TV por celular.

    • Oi Claudia, tudo bem? Fique a vontade pra fazer a alteração. Obrigado por perguntar. Abs. Marco Fabossi

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