Havia uma cidade onde todos eram felizes. Os habitantes conviviam em harmonia e tudo funcionava bem. As únicas pessoas incomodadas com essa situação eram os líderes da cidade porque eram pouco lembrados. A prisão vazia, o tribunal quase não era utilizado e o cartório dava prejuízo, já que a palavra valia mais que o papel.
Cansado da situação, o prefeito convidou a população da cidade para assistir à inauguração de um monumento que havia mandado construir na praça central. Em meio à solenidade os tapumes foram retirados e, bem ali, na frente de todos, surgiu uma forca!
As pessoas então começaram a se perguntar: “Por que aquela forca estaria ali?”. Como medo, passaram a procurar a justiça para dirimir causas que anteriormente resolviam de comum acordo. Começaram a recorrer ao tabelião para registrar documentos porque a palavra empenhada já não tinha tanto peso. E com medo da lei, voltaram a escutar o prefeito.
Diz a lenda que a forca nunca foi utilizada, mas bastou a sua presença para mudar tudo.
Todo gestor, independente de seu nível de responsabilidade, precisa controlar orçamentos, processos, normas, sistemas, recursos, infraestrutura e “otras cositas mas”, ou seja, controla coisas. O detalhe é que todas essas coisas envolvem também, direta e indiretamente, pessoas!
E aqui reside um dos maiores erros de muitos líderes: tentar controlar pessoas como se fossem coisas, já que coisas se controlam, pessoas não. Pessoas se relacionam, e para que existam bons relacionamentos é preciso substituir a tentativa de controla-las, por transparência e confiança, porque raramente alguém se relaciona bem com pessoas em quem não confia.
A tentativa de controle (de pessoas) revela um estilo de liderança centralizador, que coloca o líder em posição de destaque, mas que geralmente inclui algumas “forcas” traduzidas em ameaça, medo, punição, submissão, desconfiança e burocracia. O controle está muito mais conectado com o poder da posição, do crachá e da “carteirada”, do que com a conquista de autoridade e legitimidade, por isso, se queremos estabelecer um ambiente onde exista segurança, respeito, liberdade para aprender com os erros, responsabilidade coletiva, resiliência e criatividade, precisamos “retirar a forca da praça” e trabalhar para aumentar a confiança nos relacionamentos e diminuir a tentativa de controlar as pessoas.
No livro Coração de Líder menciono quatro paradoxos que nos ajudam a compreender melhor o exercício da confiança na liderança:
- A liderança não se conquista pela posse, mas pelo exercício: Liderança não é cargo, posição, crachá, sala ou título, mas a busca diária de influenciar e inspirar pessoas para que trabalhem com entusiasmo em direção a objetivos e resultados legítimos.
- O líder que não serve não serve para ser líder: Alguém que conquista uma posição hierárquica que, por natureza, é investida de poder, pode considerar que todas as outras pessoas estão ali para servi-lo, ou compreender que a verdadeira liderança é, de fato, uma grande oportunidade de colocar aquilo que temos de melhor a serviço da coletividade.
- O Líder se torna o ‘número um’ colocando as pessoas em primeiro lugar: O líder conquista respeito, autoridade, legitimidade e os melhores resultados quando coloca as pessoas, aqueles que fazem as coisas acontecerem, em primeiro lugar.
- Quanto menos as pessoas precisam de você, mais líder você é: Líderes trabalham para tornarem-se cada vez menos necessários, desenvolvendo profissionais e equipes autônomas e resilientes, por isso o sucesso de sua liderança será medido, não pelo que acontece quando você está por perto, mas quando estiver ausente.
Lembre-se, coisas se controlam, pessoas se relacionam.
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Um grande abraço,
Marco Fabossi
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