Aos sete anos, bastante eufórico e entusiasmado, eu entrei pela primeira vez em uma sala de aula. Depois das apresentações pessoais, nossa professora iniciou um “quebra-gelo” e começou a fazer algumas perguntas para a classe. Coisas como: “Quais são as estações do ano?” e “Em que estação estamos agora?”.
Em determinado momento ela perguntou: “Quantos meses tem o ano?”.
Imediatamente eu levantei a mão, juntamente com uma menina que já havia acertado todas as outras respostas; e foi justamente para ela que a professora deu novamente a palavra. Como um bom garoto de sete anos, só me restou ficar ali torcendo para que ela errasse a resposta. Imediatamente ela respondeu:
– Doze meses, professora. O ano tem doze meses.
Naquele momento eu não pude me conter: dei um tremendo tapa na “carteira” e soltei uma sonora gargalhada, esperando que todos me acompanhassem, mas todo mundo ficou me olhando, em silêncio, inclusive a professora, que disse:
– Muito bem. É isso mesmo! O ano tem doze meses: janeiro, fevereiro … dezembro.
Nem é preciso dizer que eu fiquei sem saber onde enfiar a cara e só voltei a abrir a boca em sala de aula uma semana depois.
A verdade é que eu pensava que o ano tivesse apenas dez meses, já que os quatro últimos meses estavam diretamente relacionados aos números sete (setembro), oito (outubro), nove (novembro) e dez (dezembro), mas como você pode perceber, eu estava enganado.
Deste dia em diante, eu descobri duas coisas muito valiosas: Que nem tudo é o que parece ser, e que perguntar é muito mais importante que responder.
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Existem dois ambientes principais onde somos, desde crianças, influenciados a não perguntar. O primeiro é a nossa própria casa, quando nossos pais, tios e irmãos mais velhos só conseguem suportar e responder até o segundo ou terceiro “Por quê?”, e depois resumem suas respostas a um simples e vazio “porque sim”. O segundo ambiente que nos influencia em relação ao medo de perguntar é a própria escola, em função do modelo de ensino que adota. Com o passar do tempo, nós vamos crescendo e percebemos que deixar de perguntar nos ajuda a manter a imagem de alguém inteligente. Descobrimos também que o mundo valoriza mais aqueles que não perguntam e, por fim, apesar das muitas dúvidas que vivem rondando nossa cabeça, preferimos nos calar.
A verdade é que, ao contrário do que muitos pensam, a capacidade de fazer as melhores perguntas é um dos principais fatores que distinguem as pessoas bem-sucedidas das demais, porque sem perguntas não há respostas, e sem respostas não se cria conhecimento.
Precisamos criar consciência de que as perguntas é que abrem as portas para o diálogo e para novas descobertas. Elas são um convite à criatividade e à inovação, constroem possibilidades e são delas que se originam as principais mudanças e inovações que impactam o mundo. É por isso que a utilidade de nosso conhecimento e a eficácia de nossas ações estão diretamente relacionadas às perguntas que fazemos.
Todas as conquistas e descobertas que nos trouxeram à era do conhecimento só foram possíveis porque existiram e existem pessoas que não se conformaram com respostas como “Porque sim”, ou “Não é possível mudar isso, ou Todo mundo sempre fez desse jeito”; pessoas que decidiram questionar.
Em uma organização em que a liderança está preocupada e interessada em promover a criatividade, perguntas nunca podem ser consideradas como ofensivas, principalmente quando são dirigidas a pessoas que ocupam posições hierárquicas mais altas, porque, se isso acontecer, o medo e a falta de confiança se instalam e a possibilidade de haver conversas abertas e reflexivas desaparece por completo.
O Líder-Coach sabe que dar respostas é menos importante que perguntar, pois se fizermos a pergunta certa, as pessoas precisarão aprender a resposta e colocarão sua energia e foco na essência do problema e não em questões superficiais.
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Metáforas como esta fazem parte do livro Coração de Líder – A Essência do Líder-Coach, que pode ser adquirido em www.coracaodelider.com.br
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Um grande abraço,
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Marco Fabossi