Quando era presidente da Meditronic, eu me lembro de que visitei uma das fábricas de válvulas cardíacas e uma colaboradora me olhava com tanto entusiasmo que parei e perguntei:
– O que você faz no seu trabalho?
E ela respondeu:
– Eu faço válvulas cardíacas que salvam vidas! É isso que eu faço. E faço milhares de válvulas por ano e se uma delas estiver com defeito, alguém pode morrer. Para você, o padrão de qualidade de 99,9% é muito bom, mas eu não poderia viver com isso. Eu tenho um manual enorme sobre qualidade aqui, mas pra mim o critério é: “Essa válvula é suficientemente boa para manter vivo alguém que eu ame muito?”. Se não for, está reprovada!
Essa história foi contada por Bill George, atualmente consultor e professor na Harvard Business School, ex-Presidente da Meditronic, uma empresa que valia 1 bilhão de dólares quando ele chegou, e que passou a valer 60 bilhões de dólares quando saiu.
Para que os colaboradores da Meditronic pudessem “sentir a missão” pela qual trabalhavam, Bill George criou um evento anual, ao qual chamava de “O Dia mais importante do Ano”, onde trazia pacientes que tiveram suas vidas impactadas pelos equipamentos da Meditronic. Um deles foi Warren Bennis, mentor de Bill George e um dos mais influentes pensadores de liderança do mundo, que foi salvo por um desfibrilador da Meditronic. Warren caminhou por toda a linha de produção agradecendo a cada colaborador pela qualidade do seu trabalho, e por terem ajudado a salvar sua vida. Os eventos eram transmitidos para outros 20 mil colaboradores ao redor do mundo, e haviam pacientes que diziam: “Eu tinha uma vida sem graça, sem esperança; estava preso em uma cadeira de rodas porque tive paralisia cerebral, mas o equipamento de vocês me deu uma nova esperança. Eu consegui me graduar, vou me casar, e tenho muitos planos. Ainda tenho paralisia cerebral, mas graças a vocês também tenho esperança no futuro. Muito obrigado!”.
Por mais simples e monótono que possa parecer, o trabalho de cada pessoa em uma organização tem um propósito e faz parte de uma grande missão. E se não fosse assim, a presença desse colaborador seria totalmente dispensável.
O problema é que poucos sabem sobre o valor do seu trabalho e o impacto que causam quando o fazem com ou sem qualidade, e essa é uma responsabilidade do líder, de levar essas pessoas a compreender o seu papel, a importância do trabalho que fazem, como as suas entregas contribuem para um propósito maior, e de que maneira o seu trabalho impacta o mundo e a vida das pessoas.
Todos têm o seu valor, mas nem todos sabem ou são reconhecidos por isso e, consequentemente, não se entusiasmam, motivam ou engajam como poderiam e gostariam, portanto, sua responsabilidade como líder é ajuda-los a reconhecer-se naquilo que fazem, a entender o valor do seu trabalho e, que aquilo que realizam vai muito além do que fazem; que o seu trabalho faz parte de algo muito maior.
E então, o que você está fazendo para que seus liderados “sintam a missão”?
Um Grande Abraço,
Marco Fabossi
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Parabéns Fabossi. Como sempre, mais um belíssimo texto para nos levar a reflexão sobre o que é essencial. Alegria em te rever na última sexta-feira. Que Deus te abençoe sempre.
Forte abraço.
Há tempos utilizo os textos de seu blog pra iniciar às reuniões de trabalho periódicas com minha equipe, e gostaria de registrar meu agradecimento e admiração.